23 de janeiro de 2007

vida morte e companhia

Dionísio Leitão

casca envelhecida. o tronco já cede. nada do que vejo me parece igual.

há desilusões nos cantos dos lábios. descidos descrentes. apontando o chão.

como árvore velha conheço os caminhos mas não os percorro. contento-me em ver.

pudesse eu ainda arrancar raízes. sair de onde estou. mirar rotas outras.

mas eu já não posso. como árvore estou presa. como gente sei que nada mudava.

fosse eu onde fosse a vida era igual. sem coragens novas. rasgos de loucura.

sem fadas nos bosques ou tímido amante com cândidos gestos. dos de encorajar.

chega o fim da estrada e eu chego ainda antes. é assim a vida . é assim a morte.

pelo meio encontrei boa companhia. companhia errada. e tanta perdi!

quedo-me sentada. ante o fim da estrada. não choro. não rio. não lamento nada do que já vivi.


Comments:
Regresso. Palavras sentidas, espressando um pouco de tristeza ou resignação. Verdadeiras.
Gostei muito
bj
Gui
coisasdagaveta.blogs.sapo.pt
 
"não lamento nada do que já vivi"

somos 2 então!

não sou coisas daquelas que me poe triste ... antes fosse minha querida...


bjinhos
 
Chega uma altura na vida em que já conhecemos os caminhos todos. Não tenho tanto essa certeza. Mas é bom não lamentar nada do que vivemos. **
 
Eu lamento, eu mudava, eu sou o que não queria! Sou mais o murro no vidro que tinhas ...mas deixo-te um abraço de árvore. Alguns ramos já agarram as gotas da manhã e bebem
e brilham
e mudam.
 
Sou arvore vivida.
Fonte de sabedoria.
Senti os amores.
Sofri desilusões.
Amantes acolhi.
Na minha sombra, em mim.
Não rio não choro.
Não perco o decoro.
»»»muitas ramadas«««
 
eu seguro no tronco.

os amigos são para as ocasiões.

estou firme, não te deixo cair.

bj
 
A arvore sim, está presa, mas nada a impede de lançar os seus ramos até bem longe, e gritar: Estou aqui, sou VIDA!!!

Beijos Madalena

Aramis
 

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