14 de janeiro de 2007

que louca que sou!

Jola Dziubinska

não. ainda não. não enlouqueci. caminhava apenas. ou então nem isso. olhava parada. o velho olhar fixo...

a árvore falou.

o povo do mundo está todo doente.

assim. como conto. sem nenhum preâmbulo. isto exactamente.

mas não é assim que costuma ser. não sou de rotinas. ou antes, não era. vieram defesas hoje talvez seja. poucas no entanto.

falar para as árvores sem ninguém por perto é hábito antigo. nunca responderam. oiçam o que digo.

às vezes a rama parece agitar-se em longa resposta. mas será o vento. decerto será.

só que desta vez quem falou foi ela. falou-me de povo. falou de nós gente. tristeza na voz de velhice quente.

diz-lhes que se acalmem. não corram demais. preparem as almas dos corpos doentes. dos corpos das mentes nada lhes virá que os possa salvar. misturem-se à terra. partilhem-lhe o ar.

e não falou mais. voltei lá. é claro. mas nem a folhagem caída - é inverno - podia acenar.

sobre o que eu ouvi parei para pensar.

não. ainda não. não enlouqueci. se quiserem pensem naquilo que ouvi.

*

o meu tempo voa. pouco falta já. se isto é já loucura, tanto se me dá.


Comments:
Non

Bom dia!

vim matar a saudade de suas palavras.
..."que as árvores lhe falem sempre".
ficas com um beijo carinhoso.
e um bom domingo miga querida.

della
 
METAMORFOSE (55)
A minha árvore é louca.
E muda. Não fala...
Faz sinais. Dá sinais.
Gesticula. Envia mensagens.
Com as ramagens. Os seus braços.
E Sorri. E ri, ri muito.
Meio louca. Meio Mona Lisa...
E na sua linguagem gestual.
Diz que é o Leonardo d'Vinci.
Louca, louca, louca.
Mas espera !!!
Faz sombra ao contrário.
Sombra entre ela e o Sol !!!
Como é possivel ???
E á noite, ao luar.
Como será ... ???
poetaeusou(adaptador)
 
sempre falei com as árvores. com as pedras, com as ervas. com o vento. falam comigo também. mas não falam do dia a dia. de outras coisas. tinha esquecido disto mas um dia alguém relembrou-me. há mais de dez anos. Um amor que tive, um inglês. Renasci nesse dia. Eu que estava tão perdida.

Falam sim. E vale a pena escutar

beijos da mana
 
pego na palavra:

ao luar a árvore é mais louca ainda

pensa que a casca que usa é de pele fina

mexe-se a quase arrancar as raízes

depois fica em silêncio muito calma

num êxtase de espanto entre ela e Deus

é louca a árvore à noite
e já não ouve nada do que dizes.

ao luar. à noite. só à noite.

a certas horas da noite entre ti e a lua.
 
Mady, Confio em ti.
Vou estar alerta.
No luar de Janeiro.
Vou contemplar.
A dança extasiante.
E o final espasmante.
Na calmosa quietude.
Onde centelhas prateadas.
Em espiriforme subindo.
Procurando a Lua.
Não a feiticeira.
Porque a verdadeira.
És tu, Feiticeira Mady...
poetaeusou(matas-me?)
 
"Matas-me?" ainda bem que a pergunta não pode ser para mim, que sou de paz.

Poetasou, mais uma vez obrigada por enriqueceres o post.

Deixei-te uma pergunta nas "penas", não respondeste. É difícil?

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Boa noite a quem passar. Ainda não foi hoje que fui às visitas. Quem sabe amanhã...

Bjs :)
 

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