24 de janeiro de 2007

sabores

Stan Tramp


era na janela que escapava à jaula. só pelo olhar. ali me quedava nas horas paradas.

nesse tempo estava sozinha por dentro. nua. de escassez. não tinha sentires. delírios talvez.

não é bem assim. eu tinha uma esperança de nem sei o quê. mas esperar esperava. nas horas paradas.

senão que sentido tinha estar ali. frente a uma janela. distante de tudo. distante de onde deveria estar?

dali avistava chegadas partidas. ali comprimia desejos. ali tinha sonhos de navegação.

mas estava parada. parada e sozinha. uma vez por outra entrava uma voz. como se do nada.

sobrava a vontade de continuar. dentro à minha jaula. presa ao meu desejo. despojado. casto.

*

alguém me prendeu na força dos braços. recordo o perfume. era dia. noite? perdi-me no tempo. perdi a noção.

os sabores trocados de que eram feitos? especiarias novas. invenções do vento. em que caravelas modernas vieram?

sabores que recordo se fico parada em qualquer janela aonde me prenda. o olhar distante. perdido em azul.

Comments:
Foi saboroso mesmo ler te.

bjos
 
mana, depois de teres largado essa janela, fui para lá. com a mesma noção, sentido e desejo. vi as crianças brincarem lá fora enquanto crescia. vi a lua, as estrelas. o homem do taxi que chegava pela madrugada. depois saí também. quem estará lá agora?

bj
 
Non

Lindo, muito lindo mesmo...fico encantada de ler-te. adorei.

beijos

della
 
Nada melhor que o espanto e o tremor lento dos sabores misturados...


Beijos

Aramis
 
Ausentei-me 4 dias e voltei a reler-te.
Realmente cada vez gosto mais das tuas palavras!
A ultima fotografia é uma beleza!

Mil beijos

Aramis
 
Perdido em Azul. Num Azul mesclado.
Escuro, claro, forte.
Marinho,metálico, bébé.
Cobalto, turquesa, celeste.
A sublime fusão.
De um poema moldado.
Beijos, com o pó do palco.
 
da janela interior.
 

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