18 de dezembro de 2006

dois - desertos

Kalifornija Konstantīns Manos


dois. tão aparentemente desertos para quem olhe

desprevenido de inusitadas visões
dois sem princípio ou fim nessa experiência
de extensão de alma até para lá do tempo.

dois a um salto. o atravessar do rio breve.
dois. separados. dois em deserto unidos
coloridos de terra céu e água corrente
sem medo. sem desdém pelos demais:
acompanhados de certezas finitas
seguros por detrás das portas bem cerradas.

dois. de palavras com sede quase feitos
com os beijos por dar. as mãos por se tocar
os sonhos todos ainda por trocar
dois. em deserto refeitos de falsas utopias
aprendendo a viver com as mãos despojadas

de mãos vazias mesmo - entregues os anéis
mandados que foram brilhar para saturno
a embelezá-lo mais e assim ao universo
dois que cabem num sintético verso
que nunca hei-de saber ou querer escrever.

dois desertos. um rio. e um impensável salto
salto de bicho livre tem de ser no instante
em que o deserto fique demasiado denso e quente
e dois, saltem para a água, a refrescar
quem sabe a meio dele se possam encontrar?

dois. em deserto. um rio. um pulo.
um imenso horizonte a contemplar
dois a aprender. dois a sorrir. dois a olhar!

Comments:
Tua litania com brilho de esperança. Muito linda também a imagem que acompanha o sentido das palavras. Abç
 
Eu li apenas um...
Dois mais dois igual a UM

Cheers

Gostei muito do teu espaço!
 
Comadre Amiga Non vomecei anda cá cuma genica prás letras, que nem lhe digue....... Beges
 
ai que perdi tanto!
vou fumar um cigarro e já volto!
 
:)

na antiga lusitania acreditava-se que se não existissem as devidas homenagens aos que morreram, a alma ficava eternamente perdida. Por isso efectuavam-se as liturgias a Endovellico para que este o conduzisse ao Outro Mundo.
Os corpos eram cremados (normalmente).

Corpo e alma. A alma é o que importa.

Tenho um romance escrito sobre esse tema. Na gaveta, claro.

Sempre que te leio é de lá que a tua alma sai, dos meus romances lusitanos e da adorção pela natureza. Os mouros como dizes ser não têm água, como a podiam venerar mulher mais velha?

E no Alentejo o culto a Ataegina e Endovellico era ainda mais acentuado. Mas como és um escorpião e tens uma faceta igual à minha para acentuar a teimosia, mais nada digo ehehehhehe

fica-te com a areia do deserto Alentejano (tonta) que eu fico com os deuses pagãos e as almas que nos roçam pela noite dia, nos acompanham (que sei do que falas quer penses que sim ou não)

beijes poeta da natureza
 
(nem precisava ir muito longe, bastava ir a Cabo Verde onde a água escasseia. e aí não há deserto,para ver como a tratam como: sem preço, mas... ahhahha)

Tens razão Tareja, tens razão.


lol

Obrigada. Bjs. :D
 
:)

boa noite!

(vou dormir... pareço uma alma penada.. daqui a pouco também me mandam em oração para o outro mundo enganados...)
 

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